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Amor de perdiçao

Amor de perdição – a trágica história de um amor impossível

Amor de Perdição é um romance escrito por Camilo Castelo Branco, em 1862, e narra a trágica história do amor na juventude. A história, baseada em fatos reais, foi escrita quando Camilo foi preso e vivia ele próprio um amor proibido.

Quando a obra foi escrita em 1861, Camilo Castelo Branco foi preso na cadeia de Relação, no Porto, devido ao crime de adultério, que havia praticado com Ana Plácido.

Amor de perdiçao

Amor de perdição – extraordinária obra em todos os aspetos, até no tempo em que foi criada!

A obra Amor de Perdição foi inteiramente escrita num período de quinze dias, durante a permanência do autor na cadeia. Enquanto estava na prisão, escreveu também O Romance de um Homem Rico e parte de Doze Casamentos Felizes.

A primeira edição do livro foi publicada em 1862, ano em que também editou as obras Memórias do Cárcere, coisas incríveis e Coração, Cabeça e Estômago. No entanto, a revista Revolução de 1º de setembro daquele ano informou que a obra já estava em circulação, por isso terá sido publicada em 1861, embora a data oficial seja de 1862, data marcada na capa do livro.

Em 1864, Camilo Castelo Branco escreveu a obra Amor de Salvação, que pretendia funcionar em parte como contraponto ao livro Amor de Perdição .

É um dos romances de maior renome da literatura portuguesa. O livro já foi traduzido para vários idiomas e adaptado para o cinema quatro vezes, incluindo uma versão dirigida pelo famoso Manoel de Oliveira. Amor de Perdição é também o nome da rua onde fica o atual Centro Português de Fotografia e uma antiga prisão (Cadeia da Relação do Porto), onde Camilo Castelo Branco escreveu a sua obra mais famosa enquanto aguardava julgamento por adultério. O nome da rua é, portanto, uma homenagem ao ilustre livro.

Camilo Castelo Branco foi acusado de adultério: apaixonou-se por Ana Plácido, o marido desta descobriu e acusou os amantes de adultério. Ambos foram presos, julgados e depois absolvidos. Mais tarde casaram-se, mas não viveram felizes para sempre. Camilo suicidou-se em 1890 depois de viver os seus últimos anos cego e cheio de doenças. Enquanto estava preso, o escritor encontrou nos registos da prisão detalhes de uma história que a sua família lhe havia contado uma vez: a de seu tio Simão Botelho, preso e condenado ao exílio por assassinar um rival numa relação amorosa.

A partir daí, Camilo escreveu a história de Simão e Teresa, nascidos de famílias rivais de Viseu. Um amor proibido, que se assemelha ao de Romeu e Julieta, com um final igualmente trágico. Teresa ia casar-se com um primo, Baltasar Coutinho, que rejeitou devido ao seu amor por Simão. Magoado, Baltasar convenceu o pai da sua prometida a enviá-la para o Convento de Monchique, no Porto. Curiosamente, o prédio do convento ainda está lá, embora muito degradado.

Desesperado, Simão aguardava o rival fora da cidade de Viseu, disparou e matou o rival. Entregou-se às autoridades e foi preso na Cadeia da Relação do Porto, até ser condenado ao exílio na Índia. De partida, ao passar de barco pelo Convento, pode ver a figura da sua amada que morreu segundos depois consumida pela dor. Depois de Simão ter sabido da morte de Teresa, morreu também. O tio de Camilo não teve um final tão trágico visto ter chegado ao exílio, onde viveu até à morte. Mas a história do amor trágico ficou para sempre perpetuada nas páginas do livro.

Amor de perdiçao

Entre novembro e dezembro de 1978, a TV pública portuguesa apresentou, em seis episódios semanais, a versão original televisiva de AMOR DE PERDIÇÃO, de Oliveira. Em Portugal, a receção do filme pela crítica foi muito hostil. Também foi devastadora para o seu diretor, acusado de querer produzir o filme português mais caro a partir de apoios do estado num momento de grave crise financeira do país. Oliveira também foi criticado por se afastar da linguagem naturalista exigida pela televisão, minando o legado do autor Camilo Castelo Branco.

Amor de Perdição (1862) é uma notável obra de romantismo literário. O romance de Camilo tece uma trama ultrarromântica, apaixonada e trágica, na qual um jovem casal se apaixona contra os desejos das suas próprias famílias rivais. Diante da impossibilidade de se casar ou mesmo ficar juntos, Simão Botelho e Teresa Albuquerque preferem morrer.

Oliveira trabalhou numa adaptação que resultou em duas versões: uma versão mais longa para a televisão e uma versão de 16mm para lançamento no cinema. Do ponto de vista formal, AMOR DE PERDIÇÃO dá continuidade ao trabalho iniciado em O ACTO DA PRIMAVERA sobre questões de representação e dramaturgia teatral. Segundo Oliveira, o teatro é “a síntese de todas as artes“, enquanto o cinema é apenas um “meio para remediar o teatro“.